Desde a decisão do STF, parlamentares tentam mudar a Constituição para
reestabelecer a obrigatoriedade de diploma – propostas de emenda constitucional
33/2009 e 386/2009. Embora deseje que uma delas (PEC 33) se torne lei para
frear a invasão do mercado por pessoas que não pretendem seguir carreira na
profissão, sou contra a aprovação neste momento. Um dos argumentos dos
favoráveis da abertura do mercado profissional jornalístico a graduados em
outras áreas é que ética não se aprende em sala de aula porque
depende do caráter de cada um. Concordo. A apresentadora Sônia Abrão, por
exemplo, é formada em Jornalismo e chegou a entrevistar ao vivo Lindemberg Alves
enquanto ele mantinha a ex-namorada refém (veja os vídeos abaixo). Na ânsia pela exclusividade, Sônia poderia
ter interferido nas negociações da polícia.
Por
isso, antes de condicionar o trabalho de jornalista à formação
universitária, é preciso criar um mecanismo de fiscalização, primeiro com o
objetivo de impedir maus profissionais sem diploma de continuarem no mercado e também punir os graduados. O critério para renovação ou cassação do registro
profissional seria a análise de processos judiciais pelo Conselho Federal de Jornalismo (CFJ) e conselhos regionais.
A criação desses órgãos é proposta pelos projetos de lei 3.985/2004 e 6.817/2002
(que, porém, não preveem a obrigatoriedade do diploma). Portanto, o CFJ deve
ser criado antes de a graduação em jornalismo voltar a ser obrigatória. Assim, a
apresentadora da RedeTV! estaria sujeita a ser proibida de exercer a profissão –
na minha opinião, a emissora também deveria perder a concessão.
Além disso, a formação universitária ainda é importante porque as empresas, não só de comunicação, prefere quem possui formação superior. A teoria
de sala de aula e o conhecimento prático se complementam. Só a “faculdade da
vida” torna o jornalista limitado. Com a expansão da internet, o profissional
da área deve ser um “especialista em generalidades” sabendo trabalhar também com diversos tipos de conteúdo.
Nota:
de acordo com o texto da PEC 33/2009, aprovado em primeiro turno no plenário do
Senado, colunistas ou articulistas não precisariam do diploma porque geralmente
são especialistas nos temas sobre os quais escrevem ou falam.