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terça-feira, 28 de junho de 2011

Invasão estrangeira no Rio Itajaí-Açú

Espécies exóticas são 90% da fauna do Rio Itajaí-Açú
em Blumenau. De cima para baixo: carpa de cabeça grande,
tilápia, carpa comum, bagre africano (à direita) e carpa capim.
(Arte/Jaime Batista/Organização das Nações Unidas para Agricultura
e Alimentação/Anuário Escandinavo de Peixes/Revista Geológica
dos EUA/Robbie N. Cada/Ministério de Pecuária,
Agricultura e Pesca do Uruguai)

A maior parte dos peixes no Rio Itajaí-Açú em Blumenau veio de outros países. Espécies como tilápia, bagre africano e carpa chegam a partir de lagoas comerciais ou são simplesmente liberadas no rio. A pesca pode ajudar a, pelo menos, manter a proporção.

De acordo com o professor Pedro Wilson Bertelli, especialista em Produção e Propagação de Peixes, 90% dos peixes catalogados pela Universidade Regional de Blumenau (Furb), e que habitam o trecho do rio que corta a cidade, são exóticos. A maioria dos pescadores, com quem a reportagem conversou no Centro de Blumenau, citou a carpa comum (Ásia e Europa), a tilápia (África), a carpa capim (Ásia), o bagre africano (África e Ásia) e a carpa de cabeça grande (Ásia e Europa).

Deógenes Angonese, um dos pescadores do Centro, conta que lagoas de pesque-pague transbordaram durante tragédia de novembro de 2008 e muitos peixes caíram nos ribeirões, chegando depois a Rio Itajaí-Açú. O professor Bertelli completa informando que o mesmo pode ter acontecido nas enchentes de 1983 e 1984.

Entretanto, os peixes não migram sozinhos. Quando criadores recolhem os alevinos (filhotes) para comercialização, alguns caem por entre as linhas e outros a rede não alcança. Então, as comportas da lagoa são abertas e os peixes liberados no rio.

Bertelli revela que até o poder público colabora com a introdução de novas espécies. O professor acredita que, por desinformação, a prefeitura empresta veículos para que seja feito o repovoamento de rios e barragens com espécies exóticas, o que é proibido. De acordo com a historiadora Sueli Petry, houve uma tentativa de povoar o rio com espécies nativas nos anos 1950. Coincidentemente, todas as carpas, a tilápia e o bagre africano fazem parte da fauna do rio há mais de 50 anos, segundo Bertelli.

Essa entrada de espécies exóticas no Rio Itajaí-Açú pode ameaçar as espécies nativas. Segundo o professor Bertelli, peixes nativos e exóticos podem ter hábitos semelhantes e competir por alimento. Então, só a espécie mais forte vai sobreviver.

Para mais informações sobre peixes, acesse o site FishBase (em inglês)

Pesca esportiva

Rodrigo Valcanaia é um dos poucos pescadores entrevistados que pratica a pesca esportiva – ou seja, fisga o peixe, bate foto e depois solta. Para o professor Pedro Wilson Bertelli, especialista em Produção e Propagação de Peixes, devolver o peixe ao rio não contribui para a preservação de espécies nativas.

Pesquisa da Universidade Regional de Blumenau (Furb), em fase de conclusão, aponta que os peixes maiores são os mais capturados no Rio Itajaí-Açú. Eles são os reprodutores e favoritos dos pescadores. Segundo Bertelli, “seria bom para o ecossistema”, se apenas as espécies exóticas fossem capturadas.

Comparando a lista de espécies catalogadas pela Furb com a relação de animais aquáticos ameaçados de extinção do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), não é possível afirmar que existam peixes em perigo no Rio Itajaí-Açú porque os pesquisadores da Furb ainda não identificaram detalhadamente algumas espécies.


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