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terça-feira, 15 de novembro de 2011

Para PPL, governo deve ter controle de setores ‘estratégicos’ da economia

O Partido Pátria Livre (PPL) defende o monopólio estatal em áreas consideradas estratégicas, como setor financeiro, combustíveis e telecomunicações. “O governo não pode pensar em lucro. Tem que pensar no bem-estar da população”, disse um dirigente do partido. Já o cientista político consultado pela reportagem afirma que o Brasil não pode recusar investimentos estrangeiros porque o dinheiro deve ser usado para melhor qualidade de vida da população.

Jovens protestaram contra preços dos combustíveis
em maio. A estatal Petrobras teria sido importante
para forçar a queda. (Foto: Jaime Batista da Silva)
“O Banco do Brasil praticamente foi o único banco comercial a continuar abrindo, e de uma forma agressiva, crédito pra população na crise de 2008. Outros se fecharam totalmente ao crédito, com medo da crise econômica. O BB atuou como um braço do governo, liberando crédito naquele momento que era preciso”, comentou o presidente do diretório municipal do PPL em Blumenau, Adriano Mendes. Ele lembra que recentemente os postos da distribuidora BR, da Petrobrás, foram os primeiros a reduzir os valores da gasolina e do álcool, forçando a queda nos preços dos combustíveis.

Para Mendes, o setor de telecomunicações no Brasil “é um desastre” porque telefonia fixa, móvel e transmissão de dados, por exemplo, são caros, mas não têm qualidade – “a pior do mundo”. A privatização não teria conseguido modernizar o setor. O presidente do PPL em Blumenau sugere que alguma estatal poderia assumir o serviço de acesso à internet ou que uma empresa fosse criada. “A Celesc sinalizou que é possível transmitir o sinal de internet pelas linhas da energia elétrica. Então, só falta vontade e muito trabalho. O acesso à internet é importante na educação dos jovens.”

O PPL também acredita que todo o sistema de ensino deva ser público. Para o presidente municipal, o surgimento de faculdades “como se fosse franquia de farmácia” não levou em conta a carência em algumas áreas. “A gente vê o Brasil precisando de 25 mil engenheiros pra poder explorar o petróleo do Pré-Sal. Então, é uma oportunidade para construir novas universidades e formar novos profissionais nessa área.” Acompanhando a previsão de diminuição das reservas de petróleo ao redor do mundo, o partido acredita que as Forças Armadas devam estar preparadas para proteger o Pré-Sal e outros recursos naturais.

Segundo Adriano Mendes, economia e segurança nacional estão relacionados. O fato de empresas nacionais (estatais ou privadas) controlarem da infraestrutura assegura seu funcionamento. “Hoje se apertarem um botão em uma empresa lá da Espanha, o Brasil fica sem celular. As grandes siderúrgicas não são mais estatais e são importantes na construção de prédios, equipamentos, automóveis e tudo mais”, disse o presidente municipal do PPL.

Dinheiro estrangeiro é importante para investimentos do governo

Para Darlei de Andrade Dulesko, mestre em Ciências Sociais, “o Brasil, como um grande exportador, não pode abrir mão do capital estrangeiro e se fechar num estatismo, porque depende da entrada de capitais”. Segundo o cientista social, a crise econômica na Europa e nos Estados Unidos está direcionando investimentos internacionais para o Brasil, que deve aproveitar o momento. “O desenvolvimento econômico é que vai gerar o desenvolvimento social.”

Dulesko entende que, em vez do inchaço da máquina estatal, o governo deve usar o dinheiro para investir infraestrutura, saúde, educação e segurança “para que todos os brasileiros possam usufruir desse crescimento econômico sem ter que sustentar um aparato burocrático corrupto e inoperante”.


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